PEITO SECO (Causa ou conseqüęncia)
Levando-se em consideraçăo o fato de que, constantemente, muitos criadores de pássaros afirmam ter em seu criadouro aves com peito-seco, facăo, gilete ou quilha, embolados e sem comer, é preciso analisar o seguinte:
A expressăo peito-seco năo é doença e sim a conseqüęncia, ou sintoma de uma série de doenças, como veremos a seguir:
A) Coccidiose (Eimeriose) - É provocada por um protozoário que parasita os intestinos, causando diarréia, fraqueza, plumas da cloaca sujas pelas fezes e acomete todo e qualquer tipo de pássaro. O tratamento preventivo é necessário, ao menos, a cada seis meses, já o tratamento curativo, sempre que diagnosticar um pássaro doente.
B) Verminoses - Muitos săo os vermes que acometem os pássaros durante toda a sua existęncia, sendo necessário, portanto, efetuar, no mínimo, duas vermifugaçőes ao ano em todo o plantei. Estas devem ser repetidas após
quinze dias para certificar-se de que todos os estágios dos vermes foram eliminados.
C) Fungos - Podem ser transmitidos aos pássaros através de sementes contaminadas, alimentos mal lavados ou malacondicionados, material de ninho e pelo próprio ar. A antibioticoterapia prolongada e a deficięncia de vitamina A constituem-se em fatores predisponentes.
D) Deficięncia Nutricional - A alimentaçăo dos pássaros é de suma importância para o sucesso da criaçăo. Devemos utilizar sementes de boa procedęncia, livres de contaminantes e uma raçăo ou farinhada profissional balanceada para prover todas as vitaminas, aminoácidos essenciais e sais minerais necessários ao bom desenvolvimento dos pássaros.
E) Micoplasmose também chamada de doença respiratória (DCR) - Bactéria do gęnero Micoplasma, apresenta elevada interaçăo com viroses respiratórias (Escherichia Coli na patogenia da DCR).
Os pássaros apresentam comprometimento respiratório, estertores de traquéias, tosse e espirros. Descarga nasal e lacrimejamento podem estar presentes.
F) Coriza - Causada por bactéria do gęnero Anemófila, provoca anorexia, descarga nasal, tosse, dispnéia e congestăo das mucosas. Os pássaros podem apresentar infecçőes latentes, que após "stress" ou em associaçăo com outros patógenos podem desenvolver a doença.
O melhor meio de evitar estas doenças e, por conseqüęncia, o peito-seco săo:
• Higiene absoluta das gaiolas, comedouros, bebedouros e equipamentos.
• Sistema de ventilaçăo adequado, evitando as correntes de vento.
• Controle de temperatura e umidade. O excesso de umidade, associado a temperaturas elevadas, favorece a proliferaçăo de fungos, bactérias; endo e exoparasitas.
• Controlar a super populaçăo.
• Água de boa qualidade, de preferęncia mineral.
• Alimento profissional balanceado, livre de contaminantes.
• Pássaros recém adquiridos devem permanecer em quarentena, sem qualquer contato com os demais equipamentos.
• Impedir o contato direto ou indireto com pássaros livres, como pombos e pardais que veiculam doenças e parasitoses.
• Evitar "stress" desnecessários, como animais domésticos ou pessoas estranhas dentro do criadouro.
•Tratamento profilático de verminoses e doenças com medicamentos de qualidade acentuada.
Enfim, o melhor tratamento é a prevençăo. Para tanto, existem no mercado bons produtos porém, para uma prevençăo e tratamento mais eficazes, sugerimos o Nalyt, produzido pela Amgercal. Este produto foi desenvolvido para controle e combate a Micoplasmose dos pássaros, assim como da Coccidiose, causadoras do peito-seco e ainda reidrata e fornece energia aos pássaros doentes. Para o tratamento preventivo administre, nas raçőes ou farinhadas, 20 gramas de Nalyt para cada quilo de alimento, durante sete dias, descanse cinco dias e administre mais sete dias.
No tratamento curativo use 10 gramas de Nalyt para cada 500 ml de água (de preferęncia mineral).
Administre a soluçăo aos pássaros por 12 dias, trocando-a diariamente, sendo esta soluçăo a única fonte de água dos pássaros.
Caso o pássaro rejeite esta soluçăo, administre diretamente no bico duas a tręs gotas, duas vezes ao dia. Em nossa experięncia este produto tem dado excelentes resultados.
AFLATOXINAS
INTRODUÇÃO
As micotoxinas são metabolitos secundários, altamente tóxicos, de baixo peso molecular,
produzidos por fungos filamentosos. Estes fungos são capazes de contaminar praticamente todos
os alimentos. Em condições ambientais adequadas a sua proliferação é rápida, ocorrendo
produção de grandes quantidades de micotoxinas [1, 2, 4, 5, 7, 12, 15].
A micotoxicose, designação atribuída à intoxicação por micotoxinas, é uma patologia bastante
semelhante à registada aquando da exposição a pesticidas ou resíduos de metais pesados [1].
Produzidas por várias espécies de fungos filamentosos, do género Aspergillus, as aflatoxinas são
as micotoxinas mais abundantes e mais tóxicas que se conhecem [3, 5, 6]. Estas são
mutagénicas e teratogénicas para Homem e animais, estando associados ao consumo de
alimentos contaminados. As consequências da intoxicação humana incluem toxicidade aguda,
síndrome de Reye, hepatocarcinoma, necrose aguda, cirrose e encefalopatia [1, 4, 6, 7, 10, 12,
13, 14, 20, 28]. A aflatoxina B1 é reconhecida como o carcinogénio natural mais potente [1, 4,
14].
A contaminação não é, na generalidade, visualizada a olho nu e, como tal, os produtos
prosseguem para a comercialização, veiculando desta forma compostos capazes de provocar
doença e, em ultima caso, morte [9, 18].
Como consequência da exposição contínua a pequenas doses de micotoxinas, os animais podem
desenvolver patologias que se caracterizam pela cronicidade ou toxicoses difusas [9,12]. Esta é a
forma de contaminação mais comum, na qual os animais vão ingerindo diariamente baixas doses
de contaminante. Por outro lado, a intoxicação por ingestão massiva de micotoxinas surge
raramente [8, 12].
A contaminação dos animais através da ração pode trazer graves consequências, uma vez que as
micotoxinas passam para o leite, ovos e carne, colocando em risco todos os consumidores [6, 8
23, 28]. Desta forma, o controlo da contaminação dos alimentos nas diferentes etapas
(produção, armazenamento e processamento) torna-se essencial para evitar as consequências de
uma eventual contaminação [3, 8, 12].
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HISTÓRIA
Em 1962, uma crise veterinária abateu-se sobre Londres, tendo-se registado a morte de 100 mil
perus sem razão aparente. Apresentavam sinais de anorexia, apatia, e adinamia nas asas,
morrendo no espaço de uma semana. Esta doença inexplicável ficou posteriormente conhecida
por Doença X dos Perus [1, 5, 18, 28].
Investigações subsequentes levaram ao isolamento de Aspergillus flavus nas rações, um fungo
filamentoso produtor de grandes quantidades de aflatoxinas. A descoberta alertou os cientistas
para a toxicidade dos metabolitos secundários produzidos por várias espécies de fungos
filamentosos [1,9]. A partir desta data, surge um período (1960-1975) caracterizado por um
largo interesse na pesquisa e descoberta de novas micotoxinas [1].
Em 1974, na Índia, ocorre um dos maiores surtos de aflatoxicose em humanos. Foram afectadas
397 pessoas, apresentando sintomatologia febril, icterícia, dores, vómitos e hepatomegalia,
tendo-se registado a morte de cerca de 100 indivíduos. O milho, componente maioritário da
dieta, terá sido a principal fonte de contaminação [4, 6].
Apesar da crescente preocupação em investigar e evitar estas intoxicações, são ainda registados
actualmente surtos de aflatoxicose. Em Abril de 2004, foi registado um grande surto de
aflatoxicose no Quénia, tendo-se registado 317 casos e 125 mortes [19, 26].
Actualmente são realizados esforços de forma a prevenir surtos futuros. Para tal, é importante
apostar na implementação de programas de segurança alimentar a longo prazo [26].
OCORRÊNCIA
As espécies de Aspergillus spp. são encontradas no solo como fungos saprófitos, podendo
também surgir como contaminantes da vegetação e de alimentos armazenados. Entre as várias
micotoxinas por elas produzidas citam-se: patulina, citrinina, citreovindina, ácido penicilico,
xantomeganina, ocratoxina, ácido ciclopiazónico e aflatoxinas [9, 12, 27].
A disseminação fúngica ocorre facilmente através da produção de esporos assexuados muito
resistentes a condições adversas – conídeos – sendo esta propagação difícil de controlar [9]. As
principais espécies de Aspergillus spp., que atentam contra a saúde pública causando grande
preocupação económica e ambiental são: Aspergillus flavus, A. parasiticus, A. fumigatus e A.
ochraceus [9, 23].
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Os materiais vegetais podem sofrer contaminação desde que são cultivados até ao momento da
colheita por fungos filamentosos, produtores de micotoxinas (Figura 1) [8]. São principais alvos
de contaminação por Aspergillus spp, culturas de trigo, milho, arroz, amendoins, sementes de
algodão, sorgo, cevada, soja, mandioca [6, 8, 9, 10, 17, 18].
A susceptibilidade das colheitas no que respeita à contaminação por estes fungos varia de acordo
com diferentes parâmetros (espécie vegetal, espécie contaminante, temperatura ambiental, teor
em água, entre outros) [8, 10, 17, 18, 27, 28]. As temperaturas mínima, óptima, e máxima,
para a produção de aflatoxinas, são respectivamente 12ºC, 27ºC e 40-42ºC [18]. Caso a
contaminação ocorra após a colheita, as condições de armazenamento desempenham um papel
fundamental, dependendo destas o desenvolvimento fúngico e a produção de micotoxinas [8,
23].
Adaptado de Pettersson, H. - Controlling mycotoxins in animal feed - Chapter 12: Mycotoxins in food:
detection and control – Woodhead Publishing (2004), Sweden.
ARMAZENAMENTO
RAÇÃO PARA ANIMAIS PROCESSAMENTO
CONSUMIDORES
CULTURAS
COLHEITA
Figura 1 – Rede de contaminação.
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Têm sido registados surtos de aflatoxicose em humanos em diferentes partes do mundo,
especialmente em países desenvolvidos [4, 6, 26, 27].
Estudos apontam para a ocorrência de sinergismo no aparecimento de hepatocarcinomas em
indivíduos portadores do vírus da Hepatite B e concomitantemente sujeitos à exposição de
aflatoxinas [15, 16, 17, 20].
Nas sociedades desenvolvidas o risco de micotoxicose é baixo, focando-se a principal
preocupação no potencial carcinogénico apresentado por estes compostos, quando ingeridos
continuamente em baixas doses. Actualmente existe um crescente interesse nesta temática, pela
gravidade das consequências para a saúde pública [7, 12, 27].
CONTROLO
A contaminação alimentar por aflatoxinas, causadora de um impacto económico profundo, tem
vindo a motivar o desenvolvimento e aperfeiçoamento de tecnologias que visam a monitorização
destes compostos [9].
As aflatoxinas são furanocumarinas complexas. Quando expostas à luz ultravioleta, a elevados
comprimentos de onda, emitem intensa fluorescência. Esta é uma propriedade utilizada na sua
identificação e quantificação quando presentes nos alimentos [9, 18]. As aflatoxinas B1 e B2
produzem fluorescência azul (Blue), ao passo que as aflatoxinas G1 e G2 produzem fluorescência
verde (Green) [6, 10, 18, 25].
Os métodos habitualmente utilizados na quantificação de aflatoxinas podem ser divididos em
duas categorias: métodos cromatográficos e ensaios imunoenzimáticos (ELISA - enzyme-linked
immunosorbent assays) [9].
Deve-se salientar que as técnicas normalmente utilizadas no processamento alimentar são
insuficientes para a remoção destes compostos dos produtos agrícolas sem prejuízo dos seus
valores nutricionais [18]. As aflatoxinas demonstram pequena ou nenhuma decomposição
quando sujeitas a temperaturas acima de 100ºC. Como consequência, não são eliminadas nas
condições normais de processamento dos alimentos (cozimento, pasteurização, torrefacção, entre
outros) [18].
Assim, é justificada a criação de um mecanismo de controlo que se baseie num modelo de acção
proactivo e não reactivo [3]. Surge assim, de acordo com esta perspectiva, o controlo da
contaminação por aflatoxinas em produtos alimentares através da implementação de protocolos
de HACCP (Hazard Analysis Critical Control Point) [3, 12]. Trata-se de um procedimento simples,
desenhado originalmente pela NASA em colaboração com a companhia Pillsbury e exército norteFaculdade
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americano, com o objectivo de produzir “comida totalmente segura”, que minimizasse o risco de
intoxicação dos astronautas. A eficácia e facilidade de implementação do sistema desenvolvido foi
tal, que rapidamente passou a ser aplicado pelas indústrias de processamento alimentar [3].
Neste modelo, a análise do controlo dos pontos críticos, susceptíveis de constituir perigo, é
realizada através do estudo e planeamento cuidadoso de cada uma das etapas do processamento
alimentar, regendo-se pelos sete princípios do HACCP (Tabela I) [3, 28].
Tabela I – Os Sete princípios do HACCP
Principio 1
Identificação dos perigos, avaliação dos riscos e descrição dos
métodos de controlo.
Principio 2 Identificação dos pontos de controlo críticos (PCC).
Principio 3 Estabelecimento de limites críticos.
Principio 4 Estabelecimento de procedimentos para monitorizar os PCC.
Principio 5 Estabelecimento de acções correctivas.
Principio 6 Estabelecimento de medidas correctivas.
Principio 7 Registo e documentação de todos os procedimentos.
Adaptado de - Aldred, D.; Magan, N.; Olsen, M. —The use of HACCP in the control of mycotoxins: the case of cereals - Chapter 7:
Micotoxins in Food: detection and control, Woodhead Publishing (2004), Sweden
A determinação do grau de exposição Humana às micotoxinas reveste-se de grande interesse na
protecção da saúde pública. Métodos de biomonitorização utilizando marcadores específicos,
presentes em diferentes fluidos biológicos como urina, sangue e leite, são utilizados na avaliação
do grau de exposição individual. Com o conhecimento destes parâmetros, pode predizer-se o
risco de desenvolvimento de cancro e outras doenças. Estes marcadores específicos baseiam-se
no conhecimento do metabolismo e capacidade de formação de complexos moleculares que estas
micotoxinas apresentam [12].
TOXICIDADE
As aflatoxinas estão, na maior parte das situações, presentes em concentrações muito baixas
(ng/g) nos alimentos, não alterando as propriedades organolépticas, nomeadamente o sabor e
odor. Não sendo detectadas pelos consumidores, estas podem ser ingeridas de forma sistemática
provocando situações de micotoxicose crónica [10, 18]. Já as micotoxicoses agudas ocorrem
quando as quantidades ingeridas ultrapassam concentrações na ordem dos mg/g [10, 18].
A severidade demonstrada varia de acordo com o tipo de aflatoxinas presente. Estudos
demonstraram que a toxicidade destas segue a ordem: AFB1 > AFG1 > AFB2 > AFG2 [21].
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A aflatoxina B1 é o mais potente hepatocarcinogénio conhecido em várias espécies,
nomeadamente mamíferos, aves e peixes [1, 5, 10, 11, 15, 17, 21, 28]. Potencialmente
perigosas são também as aflatoxinas B2, G1 e G2, que podem ser encontradas em simultâneo na
mesma cultura em diferentes proporções [17].
O principal órgão afectado é o fígado, embora o local dos efeitos hepáticos varie com a espécie
afectada. Estão ainda descritos efeitos tóxicos nos pulmões, miocárdio e rins, podendo ocorrer
acumulação de aflatoxinas no cérebro [28].
Para que se verifiquem efeitos carcinogénicos, é necessário que ocorra, após a ingestão,
bioactivação por metabolização [10, 15, 17, 18]. A biotransformação das aflatoxinas passa por
reacções de fase I e II (Figura 2), algumas das quais contribuem para o aumento da toxicidade
por bioactivação, enquanto outras levam à sua redução [18]. A epoxidação na dupla ligação 8-9
traduz-se numa toxicidade aguda e crónica manifestada pelas aflatoxinas [2, 15, 18, 27, 28]
(Figura 3).
Aflatoxina B1 -endo-8,9-epóxido
Conjugação
com GSH (Urina)
Aflatoxicol (B1) Urina
ADH 17 ceto SDH
Aflatoxina B1
Citocromo P450
Citocromo P450
Aflatoxina
M1 -8,9-epóxido
Aflatoxina
M1 -8,9-dihidrodiol
Proteínas
Formação de
aductos
com o DNA
Cancro
Aflatoxina B1 -exo-
-8,9-epóxido
Aflatoxicol (M1) Urina
Citocromo
P450
Citocromo P450
Aflatoxina
B1-endo-SG
Formação de aductos com o
DNA
Cancro
Aflatoxina B1 -endo-
-8,9-dihidrodiol
Aflatoxina B1 -exo-SG
Aflatoxina B1 -exo-8,9-dihidrodiol
Formação de
aductos com o DNA
Cancro
GST Yc2
GST Yc2
Figura 2 – Biotransformação das aflatoxinas B1 e M1.
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Quando as aflatoxinas B1 e B2 são ingeridas por gado produtor de leite (bovino, caprino, ovino,
entre outros), uma porção é hidroxilada e excretada no leite sob a forma de aflatoxina M1 e M2,
compostos com menor toxicidade, mas não negligenciáveis devido ao grande incentivo do
consumo de leite [6, 17, 18, 28].
As espécies animais apresentam sensibilidade diferente no que respeita à toxicidade aguda e
crónica das aflatoxinas. No entanto, para a maioria das espécies, os valores de LD50 estão
situados no intervalo de 0,5 a 10 mg/kg de peso corporal [10, 17, 25, 28].
Devido à sua toxicidade, foram estabelecidos limites em diversos países para a presença de
aflatoxinas nos alimentos [6, 10, 22].
Não existe tratamento específico para a aflatoxicose. No entanto, as pessoas infectadas e que
conseguem recuperar totalmente, normalmente não sofrem efeitos a longo prazo [10].
A aflatoxina B1 é genotóxica formando aductos com o DNA, em humanos, animais, com
consequentes anomalias cromossomais. Em culturas celulares humanas e de animais, produz
danos no DNA, mutações de genes e anomalias cromossomais. É hepatotóxica em humanos e
animais; e nefrotóxica e imunossupressiva nos animais [27].
Não existem estudos extensivos relativos à aflatoxina B2. No entanto, sabe-se que esta, quando
administrada em ratos, forma in vivo ligação com o DNA, após conversão metabólica em
aflatoxina B1 [27].
A aflatoxina G1 liga-se ao DNA, produzindo aberrações cromossómicas quando administrada a
roedores. Em culturas celulares humanas e animais, induz danos no DNA e anomalias
cromossómicas [27]. Embora a aflatoxina G1 e M1 estejam pouco estudadas, aparentam-se
toxicologicamente com a aflatoxina B1. São no entanto consideradas hepatocarcinogéneos menos
potentes, apresentando-se mais nefrocarcinogeneas que a aflatoxina B1 [28].
Existem poucos estudos genéticos publicados sobre as aflatoxinas G2 [27].
Figura 3 – Epoxidação directa da aflatoxina B1.
Aflatoxina B1
Pró-carcinogénio
2,3-epóxido aflatoxina B1
Carcinógénio
Epoxidação directa
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Teores máximos legais
REGULAMENTO (CE) N.º 2174/2003 DA COMISSÃO de 12 de Dezembro de 2003 que altera o
Regulamento (CE) n.º 466/2001 no respeitante às aflatoxinas
Teores máximos de
aflatoxinas (μg/kg)
Produto
B1 (B1+B2+
G1+G2)
M1
Método de
colheita de
amostras
Critérios de
desempenho
para os métodos
de análise
2.1. AFLATOXINAS
2.1.1. Amendoins, frutos de casca
rija e frutos secos
2.1.1.1. Amendoins, frutos de casca
rija e frutos secos e produtos
derivados da sua transformação,
destinados ao consumo humano
directo ou como ingrediente de
géneros alimentícios
2.1.1.2. Amendoins destinados a
serem submetidos a um método de
triagem ou a outros tratamentos
físicos antes do seu consumo humano
ou da sua utilização como ingrediente
de géneros alimentícios
2.1.1.3. Frutos de casca rija e frutos
secos destinados a serem submetidos
a um método de triagem ou a outros
tratamentos físicos antes do seu
consumo humano ou da sua utilização
como ingrediente de géneros
alimentícios
2.1.2 Cereais (incluindo o trigo
mourisco, Fagopyrum sp.)
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2.1.2.1. Cereais (incluindo o trigo
mourisco, Fagopyrum sp.) e os
produtos derivados da sua
transformação, destinados ao
consumo humano directo ou como
ingrediente de géneros alimentícios
2.1.2.2. Cereais (incluindo o trigo
mourisco, Fagopyrum sp.), com
excepção do milho, destinados a
serem submetidos a um método de
triagem ou a outros trtamentos físicos
antes do seu consumo humano ou da
sua utilização como ingrediente de
géneros alimentícios
2.1.2.3. Milho destinado a ser
submetido a um método de triagem
ou a outros tratamentos físicos antes
do seu consumo humano ou da sua
utilização como ingrediente de
géneros alimentícios
2.1.3. Leite [leite cru, leite destinado
ao fabrico de produtos à base de leite
e leite tratado termicamente, tal
como definido pela directiva
92/46/CEE do Conselho (3), com a
última redacção que lhe foi dada pelo
Regulamento (CE) n.º 806/2003(4)]
— — 0,05
2.1.4. As seguintes espécies de
especiarias:
- Capsicum spp. (o fruto seco, inteiro
ou triturado, incluindo a malagueta, a
malagueta em pó, a pimenta de
(1) Os teores máximos são aplicáveis à parte comestível dos amendoins, dos frutos de casca rija e dos frutos
secos destinada a ser consumida. Se forem analisados os frutos inteiros, ao calcular-se o teor de aflatoxina,
deve pressupor-se que toda a contaminação se encontra na parte comestível.
(2) JO L 201 de 17.7.1998, p. 93.
(3) JO L 268 de 14.9.1992, p. 1.
(4) JO L 122 de 16.5.2003, p. 1.
Em Portugal, o controlo dos teores de aflatoxinas nos alimentos é realizado pela Direcção-Geral
de Fiscalização e Controlo da Qualidade Alimentar [23].
Não existe a nível mundial uma harmonização dos teores máximos legais de aflatoxinas
presentes nos alimentos. Por exemplo, os EUA apresentam um limite de 20μg/Kg para a
quantidade total de aflatoxinas presente em alimentos como cereais e café, ao passo que na
União Europeia esse valor é de 2μg/Kg para a aflatoxina B1 e 4μg/Kg para a quantidade total de
micotoxinas. Por outro lado, a FDA e a Comunidade Europeia estipularam os limites de 0,5 e
0,05μg/Kg, respectivamente, para a aflatoxina M1 no leite e seus derivados [28].
O facto de não existirem teores máximos legais harmonizados para estes e outros compostos
tóxicos, levanta um problema de segurança alimentar causado pela possível
exportação/importação de produtos alimentares que não obedecem à legislação
nacional/comunitária.
AFLATOXINA B1 [24,25]
(6aR-cis) - 2,3,6a,9a-Tetrahidro-4-metoxiciclopenta[c]furo[3’,2’:4,5]furo[2,3-h][1]-benzopiran-1,11-diona
MASSA MOLECULAR: 312.274 g/mol
FÓRMULA MOLECULAR: C17H12O6
COEFICIENTE DE PARTIlHA: 1.399
PONTO DE FUSÃO: 268-269ºC
FLUORESCÊNCIA: Azul
[α]D : -558º (c=0,1 em CHCl3)
[α]D : -480º (c=0,1 em DMF)
UV MÁX. (ETANOL): 223, 265 e 362 nm
LD50 (em patinho) per os: 18,2μg/50g de peso corporal
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LD50 (em ratinhos recém-nascidos) intraperitoneal: 9,50μg/Kg de peso corporal
AFLATOXINA B2 [24,25]
(6aR-cis) - 2,3,6a,8,9,9a-Hexahidro-4-metoxiciclopenta[c]furo[3’,2’:4,5]furo[2,3-h][1]-benzopiran-1,11-diona
MASSA MOLECULAR: 314.289 g/mol
FÓRMULA MOLECULAR: C17H14O6
COEFICIENTE DE PARTILHA: 1.435
PONTO DE FUSÃO: 286-289ºC
FLUORESCÊNCIA: Azul
[α]D : -492º (c=0,1 em CHCl3)
UV MÁX. (ETANOL): 265 e 363 nm
LD50 (em patinho) per os: 84,8μg/50g de peso corporal
LD50 (em ratinhos recém-nascidos) intraperitoneal: n.d.
AFLATOXINA G1 [24,25]
3,4,7aα, 10aα-Tetrahidro-5-metoxi-1H, 12H-furo[3’,2’:4,5]furo[2,3-h]pirano[3,4-c][1]-benzopiran-1,12-diona
MASSA MOLECULAR: 328.273 g/mol
FÓRMULA MOLECULAR: C17H12O7
COEFICIENTE DE PARTILHA: 1.443
PONTO DE FUSÃO: 244-246ºC
FLUORESCÊNCIA: Verde
[α]D : -556º (Clorofórmio)
UV MÁX. (ETANOL): 243, 257, 264 e 362 nm
LD50 (em patinho) per os: 39,2μg/50g de peso corporal
LD50 (em ratinhos recém-nascidos) intraperitoneal: n.d.
AFLATOXINA G2 [24,25]
3,4,7aα,9,10,10aα-Hexahidro-5-metoxi-1H, 12H-furo[3’,2’:4,5]furo[2,3-h]pirano[3,4-c][1]-benzopiran-1,12-diona
MASSA MOLECULAR: 330.289 g/mol
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FLUORESCÊNCIA: Verde-azul
[α]D : -473º (c=0,084 em CHCl3)
UV MÁX. (ETANOL): 265 e 363 nm
LD50 (em patinho) per os: 172,5μg/50g de peso corporal
LD50 (em ratinhos recém-nascidos) intraperitoneal: n.d.
NOTA: Derivado da 9,10-dihidro da Aflatoxina G1
AFLATOXINA M1 [24,25]
2,3,6a,9a-Tetrahidro-9a-hidroxi-4-metoxiciclopenta[c]furo[3’,2’:4,5]furo[2,3-h][1]-benzopiran-1,11-diona
MASSA MOLECULAR: 328.273 g/mol
FÓRMULA MOLECULAR: C17H12O7
COEFICIENTE DE PARTILHA: 0.54
PONTO DE FUSÃO: 299ºC
FLUORESCÊNCIA: Azul-violeta
[α]D : -280º (c=0,1 em DMF)
UV MÁX. (ETANOL): 226, 265 e 357 nm
LD50 (em patinho) per os: 16,6μg/50g de peso corporal
LD50 (em ratinhos recém-nascidos) intraperitoneal: n.d.
AFLATOXINA M2 [24,25]
2,3,6a,8,9,9a-Hexahidro-9a-hidroxi-4-metoxiciclopenta[c]furo[3’,2’:4,5]furo[2,3-h][1]-benzopiran-1,11-diona
MASSA MOLECULAR: 330.289 g/mol
FÓRMULA MOLECULAR: C17H14O7
COEFICIENTE DE PARTILHA: 0.576
PONTO DE FUSÃO: 293ºC
FLUORESCÊNCIA: Violeta
[α]D : n.d.
UV MÁX. (ETANOL): 221, 264 e 357 nm
LD50 (em patinho) per os: 52μg/50g de peso corporal
LD50 (em ratinhos recém-nascidos) intraperitoneal: n.d.
NOTA: Derivado da 8,9-dihidro da Aflatoxina M1
Faculdade de Farmácia
Universidade do Porto
Licenciatura em Ciências Farmacêuticas
Biotoxicologia, 5º Ano, 1º Semestre Página 13 de 16
AFLATOXINA B2A [24,25]
2,3,6aα,8,9,9aα-Hexahidro-8-hidroxi-4-metoxiciclopenta[c]furo[3’,2’:4,5]furo[2,3-h][1]-benzopiran-1,11-diona
MASSA MOLECULAR: 330.289 g/mol
FÓRMULA MOLECULAR: C17H14O7
COEFICIENTE DE PARTILHA: 0.269
PONTO DE FUSÃO: 240º
FLUORESCÊNCIA: n.d.
[α]D : n.d.
UV MÁX. (ETANOL): n.d.
LD50 (em patinho) per os: n.d.
LD50 (em ratinhos recém-nascidos) intraperitoneal: n.d.
AFLATOXINA G2A [24,25]
3,4,7a,9,10,10a-Hexahidro-9-hidroxi-5-metoxi-1H,12H-furo[3’,2’:4,5]furo[2,3-h]pyrano(3,4-c)(1)-benzopiran-1,12-diona
MASSA MOLECULAR: 346.288 g/mol
FÓRMULA MOLECULAR: C17H14O8
COEFICIENTE DE PARTILHA: 0.535
PONTO DE FUSÃO: 190ºC
FLUORESCÊNCIA: n.d.
[α]D : n.d.
UV MÁX. (ETANOL): n.d.
LD50 (em patinho) per os: n.d.
LD50 (em ratinhos recém-nascidos) intraperitoneal: n.d.
Faculdade de Farmácia
Universidade do Porto
Licenciatura em Ciências Farmacêuticas
Biotoxicologia, 5º Ano, 1º Semestre Página 14 de 16
GLOSSÁRIO
Carcinogénico
Substância que aumenta o risco de neoplasma em humanos ou animais. Estão
incluídas nesta definição químicos genotóxicos, que afectam directamente o
DNA, e químicos não genotóxicos, que induzem neoplasmas por outro
mecanismo [24].
Carcinoma
Neoplasma maligno constituido por células epiteliais, que tendem a infiltrar-se
nos tecidos vizinhos, dando origem a metástases. Corresponde a um género
histológico de neoplasma, muitas vezes erradamente utilizado como sinónimo
de cancro [24].
Cirrose
Condição patológica caracterizada pela invasão de um órgão por tecido
conjuntivo, normalmente como consequência de um processo inflamatório ou
outra lesão [24].
Hepatomegalia Aumento do volume hepático [24].
LD50 – lethal dose
50%
Quantidade de substância tóxica ou dose de radiação ionizante necessária para
matar 50% da população animal em estudo [24].
Necrose
Processo patológico decorrente em células que sofreram danos irreparáveis. É
consequência da acção progressiva e não controlada de enzimas líticas [24].
Síndrome de Reye
Forma de encefalopatia com deposição de gordura no fígado, caracterizada por
edema cerebral e vómitos que podem rapidamente progredir para convulsões,
coma e morte. A causa principal consiste numa perda generalizada da função
mitocondrial, conduzindo a alterações no metabolismo dos ácidos gordos e
carnitina [24]
Teratogénico Agente responsável pela ocorrência de deficiências físicas no embrião
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